domingo, 22 de julho de 2012

Origem e cultura cigana


O Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e dizem que apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send e de onde foram expulsos por invasores árabes. O gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto.

Depois de vagarem pelas Terras do Oriente, os ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por todo o mundo. Essa invasão foi uma das únicas na história da humanidade que foi feita sem guerras, dor ou derramamento de sangue. A partir da saída do Oriente, os ciganos se dedicaram com exclusividade a atividades itinerantes: como ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalo, saltimbancos, comerciantes de miudeza e o melhor de suas qualidades que era a arte divinatória. Viajavam sempre em grandes carroças coloridas.

No primeiro milênio d.C., deixaram o país e passaram por todos os paises e estados inclusive na América. São mais de 15 milhões de ciganos em diferentes pontos do mundo. Ao contrário do que muitos pensam, o Povo Cigano é que foi perseguido, julgado e expulso ao longo do seu pacífico caminhar. Eles trouxeram a música, a dança, as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do "flamenco", tanto que essa palavra vem do árabe "felco" (camponês) e "mengu" (fugitivo) e passou a ser sinônimo de "cigano andaluz" à partir do séc. XVIII.

Diz a história que os ciganos surgiram da terra e esperam retornar, por isso não aceitam de modo algum ser empregados dos gadje (não ciganos) e apega-se a antigas profissões artesanais que caracterizam sua tribos e é ensinada desde cedo às crianças. O povo cigano é guardião da Liberdade, seu grande lema é “o céu é meu teto; a terra minha pátria e a liberdade minha religião”, a vida é uma grande estrada, a alma uma pequena carroça e a divindade é o carroceiro.

Em sua maioria, os ciganos são artistas ( de muitas artes inclusive a circense) e fabricam sua próprios utensílios domésticos, jóias e selas. Rotulados como ladrões, feiticeiros e vagabundos. Este povo diferenciado continua sua marcha até hoje. Na verdade cigano que se preza, antes de ler a mão, lê os olhos das pessoas (os espelhos da alma) e tocam seus pulsos (para sentirem o nível de vibração energética) e só então é que interpretam as linhas das mãos. A prática da Quiromancia para o Povo Cigano não é um mero sistema de adivinhação, mas, acima de tudo um inteligente esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde e o destino.

O comando normalmente é exercido pelo homem mais capaz, uma vez que os ciganos respeitam acima de tudo a inteligência. Este homem é o Kaku e representa a tribo na Krisromani, uma espécie de tribunal cigano formado pelos membros mais respeitados de cada comunidade. A figura feminina tem sua importância e é comum haver lideranças femininas como as phury-day (matriarca) e as bibi (tias-conselheiras), lembrando que nenhum cigano deixa de consultar as avós, mães e tias para resolver problemas importantes por meio da leitura da sorte.

Kaku também mestre de cura (ou xamã cigano homem ou mulher) que possui dons de grande para-normalidade usam ervas, chás e toques curativos. Esse povo canta, dança tanto na alegria como na tristeza, pois para o cigano a natureza é mais bela e generosa e anfitriã. Roupas e ornamento o líder de cada grupo cigano, chama-se barô/gangu e é quem preside a kris romanis (conselho de sentença ou grande tribunal do povo rom) eles acreditam na reencarnação mas não incorporam nem um espírito ou entidade.

O misticismo e a religiosidade fazem parte de todos os hábitos da vida cigana, a maior parte deles acredita em um único deus (Dou-la ou Bel) em eterna luta contra o demônio (Deng), normalmente, assimilam as religiões do lugar onde se encontram. Outro fato que chama a atenção para a provável origem indiana do povo cigano, é a santa por quem nutrem o mais devotado amor e respeito, chamada Santa Sara Kali. Kali é venerada pelo povo hindu como uma deusa, que consideram como a Mãe Universal, a Alma Mater, a Sombra da Morte. Sua pele é negra tal como Shiva. Para os ciganos, Sara, santa venerada, possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra. Ela distribui bênçãos ao povo, patrocina a família, os acampamentos, os alimentos e também tem força destruidora, aniquilando os poderes negativos e os malefícios que possam distruir a nação cigana. Seu mistério envolve o das "virgens negras", que na iconografia cristã representa a figura de Sara, a serva (de origem núbia) que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como "Saintes Maries de La Mer", transformando-se desde então num local de grande concentração do Povo Cigano.

Quase todos são devotos de "Santa Sara", que é reverenciada nos dias 24 e 25 de maio, em procissões que lotam Lês Saints Maries de La Mer, em Camargue, no Sul da França. A sexualidade é outro ponto importante entre os ciganos. E, ao contrário do que se imagina, eles têm uma moral bastante conservadora eles se casam cedo, quase sempre seguindo acordos firmados entre as duas famílias, o casamento cigano é uma das celebrações mais comemoradas e ter filhos é a principal função do sexo, descobrir os seios em público é comum e natural, mas nenhuma mulher pode mostrar as pernas, pois da cintura para baixo todas são merimé (impuras), por isso usam saias compridas e rodadas para as mulheres, que também são proibidas de cortar os cabelos, e nunca sentam à mesma mesa que os homens. Ironicamente, como praticantes da magia e das artes divinatórias, são elas que cada vez mais assumem o controle econômico da família, pois a leitura da sorte é a principal fonte de renda para a maioria das tribos. O resultado é uma situação contraditória, em que o homem manda, mas é a mulher quem sustenta o grupo.

O preconceito existente sobre esse povo, mas com o acelerado processo de aculturação, um bom número de ciganos, disfarçadamente, estão freqüentando as universidades e até ocupando cargos de importância na vida pública do país e já chegaram até à Presidência da República. (Washington Luiz e Juscelino Kubitshek). A Lua Cheia é o maior elo de ligação com o "sagrado", quando são realizados mensalmente os grandes festivais de consagração, imantação e reverenciação à grande "madrinha" em torno das fogueiras acesas, do vinho e das comidas, com danças e orações. Para os ciganos tudo na vida é "maktub" (está escrito nas estrelas), por isso são atentos observadores do céu e verdadeiros adoradores dos astros e dos sidéreos. Os Ciganos são "povos das estrelas" e para lá voltarão quando morrerem ou quando houver necessidade de uma grande evacuação.

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